O que ela vê é o matagal
De heróis desempregados
Que na véspera conquistaram um país
E hoje caíram na desgraça
E alguns morros incitaram-lhes a sede
Outros ao fogo e à blasfémia
Que acenam a turistas, autocarros
Soltando ruína inenarrável
Vê quilómetros de terra ressequida
de ocupantes esquálidos assolados
E de senhores obesos, soberbos e armados
Que incendeiam-lhes os incidentais abrigos
Levando ao juiz, ao tribunal da aldeia
o mais faminto e vulnerável cidadão -
Vê camiões de ajuda alimentar
Esfumarem-se entre o ponto de partida
E um destino que os aguarda –
Desesperada, encontram-na em tabernas
E botequins, na berma dos caminhos
E em bordéis: vendendo as derradeiros
Estilhaços da sua quimera amargurada.
Dambudzo Marechera (poeta zimbabueano)
sexta-feira, 14 de setembro de 2007
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